B-52 Stratofortress
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Nota: Este artigo é sobre Aviação. Para outros significados, veja The B-52s.
Boeing B-52 Stratofortress | |
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Descrição | |
Fabricante | ![]() |
Primeiro voo | {{{primeirovoo}}} |
Entrada em serviço | Fevereiro de 1955 |
Missão | Bombardeiro estratégico |
Tripulação | 6 (B-52H 5) |
Dimensões | |
Comprimento | 48 m |
Envergadura | 56,4 m |
Altura | 12,4 m |
Área (asas) | 371,6 m² |
Peso | |
Tara | 83,250 kg |
Peso total | 123,379 kg |
Peso bruto máximo | 220,000 kg |
Propulsão | |
Motores | 8 × Pratt & Whitney TF33-P-3/103 turbofans |
Força (por motor) | 76 kN |
Performance | |
Velocidade máxima | 1,047 km/h (Mach: ) |
Alcance bélico | 7,210 km |
Alcance | 16,232 km |
Tecto máximo | 15,000 m |
Relação de subida | 1911 m/min |
Armamento | |
Metralhadoras | |
Mísseis/ Bombas | |
Consultar a secção Armamento |
Iniciou a atividade operacional na Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), seu único utilizador, em fevereiro de 1955, atuando em todos os conflitos nos quais os EUA se envolveram, sessenta anos após o seu primeiro voo e fruto de sucessivas modificações e atualizações, é ainda uma versátil plataforma apta a desempenhar um leque alargado de missões, que os engenheiros responsáveis pelo sua criação e desenvolvimento, alguma vez imaginaram que fosse possível nos finais de 1950.
Poderá não ser como alguns clamam o maior e melhor bombardeiro de todos os tempos, mas possui com certeza uma história incomparável, não só entre os seus pares, como entre todas as outras aeronaves.[1] A sua extraordinária longevidade[nota 1] provavelmente e de acordo com os planos da Força Aérea, irá manter-se até 2040, para que tal aconteça as unidades ainda operacionais, começaram a ser submetidas a um programa de reformas e extensão de vida útil.
Entre as atuais tripulações, maioritariamente (ou mesmo na totalidade) mais novas que as aeronaves que tripulam, é usual ouvir dizer-se que ainda não nasceu o último piloto que assumirá os seus comandos.[2]
Índice[esconder] |
[editar] Introdução
Existiu uma coincidência de eventos e circunstâncias, que proporcionaram o desenvolvimento e a longevidade do sistema de armas que é hoje em dia o B-52 Stratofortress, desde a experiência acumulada pela Boeing na produção de bombardeiros pesados até engenheiros e projectistas audaciosos e visionários, passando pelos decisores políticos que ainda não enfermados pela burocracia dos nossos dias, deixaram o processo de desenvolvimento fluir sem demasiadas interferências.[3]- O B-52 foi projetado para largar bombas atómicas de queda livre a grande altitude.[4]
- O maior bombardeiro de sempre efetuou lançamentos na zona do Pacifico, destinados a testes nucleares atmosféricos, durante o período compreendido entre 1956 e 1962.[4]
- Por aproximadamente quatro décadas os tripulantes do B-52 eram especialmente treinados e psicologicamente preparados para o lançamento de ataques nucleares retaliatórios, se os mesmo fossem necessários por força das circunstâncias.[4]
- Até 1970 eram mantidas várias aeronaves em voo, 24 horas sobre 24 horas, na situação de alerta nuclear permanente.[4]
- Com o advento dos mísseis superfície-ar (SAM), O B-52 alterou com sucesso o modo de operar, passando a fazer penetração a baixa altitude.[4]
- O envolvimento na guerra do Vietname forçou a mais uma adaptação, o bombardeamento massivo com bombas convencionais de queda livre. [4]
- Produzido em sete versões principais, ainda está servindo na linha da frente, quase sessenta anos após o primeiro voo,[4] sobrevivendo ao SAC - Comando aéreo Estratégico, dissolvido a 1 de junho de 1992.[5]
- Embora a sua importância como sistema de armas tenha diminuído, está prevista a sua utilização até 2040.[4]
[editar] Desenvolvimento
[editar] Origens
Segunda Guerra Mundial não tinha terminado e já a liderança militar Norte-americana, antecipando um possível conflito com a URSS, inicia a elaboração dos requisitos pretendidos para a nova geração de bombardeiros, eliminando os defeitos do omnipresente Boeing B-29 Superfortress, ou seja o raio de acção e a inadequada capacidade de transporte de carga bélica.[8] Deste modo o Comando Aéreo de Material (MAC) em janeiro de 1946[nota 2] solicitou à industria aeronáutica, propostas para um novo bombardeiro pesado,[9] com os seguintes requisitos:- Um raio de acção de 8,000 Km;[nota 3] [8]
- Velocidade de 485 Km/h em altitude;[8]
- Altitude operacional de 10,500 metros;[10]
- Tecto máximo de 11,200 metros;[10]
- Altitude com apenas metade dos motores operacionais de 5,200 metros;[10]
- Capacidade para o transporte de uma carga bélica mínima de 4,500 Kg[nota 4] até aos 8,000 Km e máxima de 32,500 Kg a distâncias mais curtas; [11]
- Equipagem mínima de cinco tripulantes e um número não determinado de operadores de metralhadora de 20 mm, para defesa aérea;[8]
- Provisão de espaço para equipagem de substituição composta por seis tripulantes:[10]
- Proteção blindada consistente com o peso e a performance, para tripulação, motores, combustível e outros componentes vitais;[8]
- Apto a operar em pistas com o comprimento máximo disponível até 2,300 metros e um obstáculo de 15m no final, para a descolagem. [10]
- Apto a operar em pistas com o comprimento máximo disponível até 1,380 metros e um obstáculo de 15 metros no inicio, para a aterragem. [10]
[editar] Das propostas iniciais ao produto final
Considerados demasiado ambiciosos e difíceis de atingir, foi permitida alguma latitude na prossecução dos requisitos, sem a qual não haveria qualquer proposta por parte das empresas de construção aeronáutica,[12] mesmo assim foram apenas três as entidades, Boeing Airplane Company, Consolidated Vultee Aircraft Corporation (Convair) e Glenn L. Martin Company que no mês de Fevereiro de 1946 apresentaram uma estimativa de custos e projectos preliminares teóricos, que se aproximavam dos requisitos pretendidos.[13].No inicio de junho de 1946 a Boeing Airplane Company apresenta uma proposta para uma aeronave de asa em ângulo recto, propulsionada por seis turboélices Wright T35, um peso bruto de 165,000 Kg e um raio de acção de aproximadamente 5,000 quilómetros, designado modelo 462 o qual foi foi escolhido e confirmado como o mais promissor para ser concretizado e também o menos oneroso para o contribuinte.[13] Assinado o contracto para a construção de uma maqueta à escala real e trabalhos preliminares de engenharia, bem como testes aerodinâmicos em túnel de vento, pelo valor de 1,7 milhões de Dólares Norte-americanos,[14] veio a Força Aérea em Outubro de 1946, exprimir as sua preocupações pelo facto do modelo proposto não atingir os requisitos pretendidos.[15] Ainda no mesmo ano, durante o mês de Novembro o chefe adjunto da aeronáutica para a pesquisa e desenvolvimento, General Curtis LeMay em conferência realizada no Pentágono, expressou o desejo de uma velocidade de cruzeiro próxima ou igual a 645 Km/h, respondendo a Boeing com um modelo pesando 140,000 Kg, desprovido de tudo o que não fosse essencial, como o conforto da tripulação, armamento defensivo reduzido a apenas a uma torre armada na secção da cauda.[16]
Continuando em 1946 durante o mês de Dezembro, a Boeing foi convidado a mudar a sua concepção, para um bombardeiro quadrimotor com uma velocidade máxima de 645 Km/h, alcance de 19,000 Km, um peso bruto rondando os 220,000 Kg e habilitado ao transporte de uma única bomba nuclear.[16] A resposta da Boeing foi dada na forma de dois modelos em janeiro de 1947, o 464-16 com capacidade para o transporte de uma única bomba nuclear até 4,500 Kg, sem capacidade defensiva e blindagem, e o 464-17, bombardeiro generalista capacitado para transportar até 4,000 Kg de armamento diverso e em tudo o resto similar ao anterior, ambas as propostas eram propulsionadas pelos turboélices Wright T35.[17]
Em junho de 1947, os requisitos militares foram atualizados e o Modelo 464-17 já não os cumpria. Aos olhos dos decisores da Força Aérea, todo o processo de escolha do novo bombardeiro pesado, ameaçava transforma~se em um fiasco e se viesse a ser produzido, poucas ou escassas melhorias de rendimento apresentaria sobre o Convair B-36, ao qual era suposto suceder. Como resultado, todo o projecto foi paralisado durante os seis meses seguintes. No entanto a expensas próprias a Boeing continuou trabalhando em novos modelos, conseguindo alcançar com o modelo 464-29, uma velocidade máxima de 730 km/h e um alcance próximo dos 8.500 quilómetros,[18] ainda assim aquém dos requisitos novamente revistos, formalizados em dezembro de 1947, os quais exigiam uma velocidade de 800 Km/h e um alcance de 13 mil quilómetros.[19]
O cancelamento do contrato esteve para acontecer a 11 de dezembro de 1947, foi evitado in extremis por uma intervenção pessoal de William McPherson Allen presidente á época da Boeing, que se comprometeu a explorar e incorporar as recentes inovações tecnológicas.[20] Porém a Boeing fez questão de apresentar um modelo convencional o 464-35, após ter estudado as asas voadoras representadas pelos modelos YB-35 e YB49, da rival Northrop, concluído que ambos enfermavam de graves problemas de estabilidade, este modelo no entanto foi novamente descartado por não atender as especificações exigidas, ainda que por margem mínima. [21]
Seguiu-se uma disputa negocial entre o poder político e a hierarquia militar, para resolver o impasse criado, o qual terminou favorável aos desígnios da Força Aérea, que se recusou a abrir um novo concurso público para apresentação de novas proposta, sugerindo à Boeing a adoção do reabastecimento aéreo, como medida inicial, para que o modelo 464-35 alcançasse os requisitos em termos de raio de ação. Mais tarde foi ainda sugerido que os recentes motores a reação fossem incorporados ao projeto. [22]
Em julho de 1948 é apresentado um estudo preliminar (modelo 464-40), que substituiu os motores turbohélices por turborreactores Westinghouse J40.[23] Contudo a 21 de outubro ainda em 1948, a Boeing optou por um avião completamente novo propulsionado pelos mais recentes e eficientes turborreatores Pratt & Whitney J-57. [24] Daí resultando o modelo 464-49 cuja maqueta foi apresentada no dia 25 do mesmo mês. Inspirado no B-47 Stratojet, apresentava uma asa em flecha a 35°, oito motores dispostos aos pares, sob quatro suportes (dois por asa) suportes sub-alares, um inovador trem de aterragem quadriciclo em disposição dupla, auxiliados por um trem simples na ponta de cada uma das asas para suporte e estabilidade no percurso em terra (taxi-away). [25]
Longe de ser um B-47 Stratojet em ponto maior, o B-52 foi desenvolvido partindo de uma ideia inicial bem diferente, a qual foi sujeita a várias e grandes alterações na configuração inicial, fruto dos rápidos progressos tecnológicos nos anos imediatamente seguintes ao terminus da Segunda Guerra Mundial. Qualquer semelhança com o B-47 foi obtida pelo desenvolvimento e não pelo aproveitamento de um projecto já existente.[26]
[editar] Projecto
O habitáculo da tripulação em tandem, previsto e usado no primeiro protótipo XB-52, foi alterada por pressão do General Curtis LeMay comandante do SAC (Comando Aéreo Estratégico) adepto incondicional de um cockpit tal como o conhecemos na actualidade.[27] Embora o B-52 seja um avião grande sob todos os aspectos, as acomodações para a tripulação são constrangedoras, o espaço está dividido em dois pisos em todas as versões, no piso superior naturalmente virados para a frente, estão os assentos ejectáveis destinados ao piloto e copiloto, em posição oposta estão situados as posições também elas equipadas com assentos ejectáveis destinadas ao operador dedicado à guerra electrónica e ao lado deste um lugar livre, que usualmente era ocupado pelo operador da torre armada antes de esta ter sido eliminada, mas que nas versões iniciais até à variante F inclusive, dispunha de um compartimento pressurizado na traseira da fuselagem.[27]Semimonocoque com uma secção transversal rectangular em torno de quatro longarinas transversais ligeiramente cerceadas e unidas por anéis. Com 2,80 m de largura e 3,70 m de altura é composta por quatro secções principais, a da frente aloja o cockpit e os postos de contra-medidas no deck superior e de navegação no deck inferior, a secção central composta pelos depósitos de combustível centrais e o trem de aterragem da frente e posterior imediatamente antes e após o compartimento interno de bombas, a secção traseira aloja equipamento diverso e a secção da cauda composta pelo principal equipamento de guerra electrónica e contra medidas defensivas, bem como até à variante F inclusive, um compartimento pressurizado para o operador da torre equipada com quatro metralhadoras Browning M2 de calibre .50.[28]
O tipo de asa que equipa o B-52, surgiu pela conjugação de estudos efectuados pela Boeing e USAF.[29] A sua espessura permitiu a instalação de depósitos de combustível no seu interior, o que melhorou de forma incondicional a flexibilidades e desempenho, com um ângulo de 36º em flecha, cada asa suporta dois pares de motores equidistantes entre si e na parte exterior, depósito de combustível externo e um trem de aterragem chamado de protecção, porque estabiliza a asa em fases críticas como a descolagem, a aterragem e manobras no solo.[30] Dividida em cinco secções principais (central, 2 exteriores e 2 interiores) é suportada por duas longarinas longitudinais (frontal e traseira) reforçadas por anéis que ajudam a definir a forma, os controlos de voo (spoilers, estabilizadores e flaps) estão colocados ao longo da longarina traseira.[29]
No âmbito dos acordos de redução de armas (START), foram instaladas em 169 aeronaves dos modelos G e H, na junção do bordo de ataque de cada asa com a fuselagem, estrias perfuradas que permitiam um fluxo de ar para o arrefecimento dos aviónicos destinados ao controlo configuração e lançamentos dos mísseis de cruzeiro, mas a função principal destinava-se a facilitar o reconhecimento por satélites Russos dos bombardeiros habilitados a transportar e disparar os referidos mísseis. Estas estrias melhoraram em aproximadamente 2% a eficiência aerodinâmica das asas.[29]
Entre os motores exteriores e os depósitos externos de cada asa, estão localizados os trens de aterragem auxiliares, também chamados de protecção porque asseguram a estabilidade lateral, quando em condições de aterragem ou descolagem violentas ou quando o peso bruto transportada nas asas é elevado, actuam também na protecção das asas quando em manobras no solo, por efeito conjugado da força centrífuga e do peso transportado pela asa, esta se inclina em demasia evitando o impacto no solo e assegurando a sua estabilidade pelo amortecimento do choque. Em condições de aterragem com vento cruzado existe a possibilidade de bascular até 20º (graus) a fuselagem para cada uma das laterais, mantendo o trem de aterragem o alinhamento com o eixo da pista.[33]
[editar] Problemas estruturais
Planeado, como a maioria dos bombardeiros da USAF, para uma vida útil expectável de cinco mil horas de voo, suportando fatores de carga positivos ligeiramente superiores a 2.0 e nenhum fator negativo, [34] [nota 5] foi pela primeira vez sujeito a reformas estruturais, no inicio de 1960, sob o programa de três fases conhecido como High Stress, aplicado a todos as aeronaves quando atingissem as duas mil horas de voo. A fadiga estrutural foi agravada pela mudança de atitude nas novas missões, ditadas pela ameaça antiaérea da ex União Soviética, que obrigou as aeronaves a fazerem penetração de baixa e muto baixa altitude em oposição às missões para que foi planeado e produzido o bombardeamento de alta altitude. [35] [nota 6] Ao logo da sua muito longa vida operacional, foi sujeito a muitas e diversas reformas da estrutura e das asas, reformas essas destinadas apenas a uma versão específica ou aplicadas à generalidade das aeronaves operacionais, acompanhando a fadiga provocada pela exigência das operações de um teatro de guerra moderno, e ou o stress provocado pelo aumento do peso bruto admissível. [37]- Atualizações estruturais mais importantes durante a década de 1960
- Ao longo de 1960 - Programa ECP (engineering change program)-600
- Aprovado o financiamento em maio de 1961 - Programa ECP-1050
- Com início em setembro de 1963 - Programa ECP-1128-1
- Com início em maio de 1966 - Programa ECP-1185
[editar] Actualizações
A lista de modificações estruturais e do equipamento presente no seu interior começou ainda em 1959 e continua até ao presente, conseguindo desde a primeira hora que o BUFF [nota 7] se mantenha como uma aeronave de primeira linha.[40] As modificações incluem radar de rastreio e exclusão de colisão com o solo, aumento da estabilidade quando em voo a baixa e muito baixa altitude, sistema de visualização com equipamentos electro-ópticos, como televisão de baixa luminosidade e prospecção frontal por infravermelhos (FLIR), capacidade de comunicação global por satélite, reconstrução das asas e fortalecimento da fuselagem e uma constante modernização dos aviónicos.[40]- 1959 a 1969 - Programa ECP-1000
- Sistema de visão Electro-óptico
- Mísseis de cruzeiro
- Sistema LITENING
- Novo motor (proposta)
Um estudo realizado pela Defense Science Board Task Force, um organização federal destinada a aconselhar o Secretário de Estado da Defesa na tomada de decisões, concluiu que a prazo a não tomada de decisão até ao pretérito ano de 2010, acarretaria custos elevados para o erário público. A tecnologia atual permite aos novos motores, serem mais poderosos enquanto menos gulosos quanto a combustível, permitindo assim economias de escala importantes e ainda uma menor necessidade de reabastecedores em voo.[48]
- Combustível
- B-52 CONECT (Combat Network Communication Technology)
[editar] Extensão de vida útil até 2040
Tomada a decisão de prolongar a operacionalidade da frota de B-52H ainda em actividade, 85 exemplares no activo, mais nove unidades em reserva,[54] estão em curso desde finais de 2005 em modo faseado as seguintes 31 actualizações/modificações:[55]
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[editar] Produção e custos
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[editar] Variantes
- XB-52 / YB-52
- B-52A
- NB-52A
- B-52B
- NB-52B
- RB-52B
- B-52C
- B-52D
- B-52E
- B-52F
- B-52G
Iniciado o projecto em Junho de 1956,[81] entrou ao serviço em 13 de Fevereiro de 1959 (B-52G número de cauda 47-6478), [82] foi utilizado no conflito Vietnamita durante a operação Linebacker II, complementando a frota B-52D, esta breve incursão ao longo de 11 dias de campanha, saldou-se pela perda de 7 aeronaves da variante G seis das quais devido aos mísseis de defesa aérea e a sétima aeronave provavelmente, por falha estrutural logo após a descolagem em Guam.[83]. Finalmente foi ainda utilizado na operação Desert Storm durante a primeira guerra do Golfo, após a qual foi gradualmente retirado do serviço operacional até à primavera de 1994.[84]
- B-52H
O primeiro voo aconteceu a 10 de Julho de 1960, adquiriu capacidade operacional em 9 de Maio de 1961. Única variante ainda no serviço activo, o ultimo exemplar construído foi o número de cauda 61-0040, o qual deixou a linha de montagem no dia 26 de Outubro de 1962.[89]
[editar] Serviço operacional
O B-52B foi a primeira variante a obter condição operacional a 29 de junho de 1955, mais propriamente a aeronave número de cauda 52-8711, a qual voou pela primeira vez em Dezembro de 1954, no entanto as primeiras aeronaves de produção final foram os B-52A, que nunca atingiram capacidade operacional porque foram devolvidos ao fabricante para serem usados na função de testes e desenvolvimento.[90][editar] Guerra fria
[editar] Guerra do Vietname
Em Abril de 1966 os B-52F começaram a ser substituídos pelos B-52D, todos eles optimizados para bombardeamento de alta densidade, ficando habilitados a transportar até 84 bombas de 225 Kg, ou 42 de 340 Kg no compartimento interno, e ainda 24,340 Kg externamente nos suportes sob as asas, esta alteração ficou conhecida como Big Belly.[105]
Com a chegada de Richard Nixon ao poder, da-se uma modificação nas orientações gerais de condução da guerra, por um lado uma musculação das respostas, por outro a Vietnamização do conflito com o inicio da retirada das forças norte-americanas, a qual é posta em causa com a invasão do Vietname do Sul por tropas do Norte em Março de 1972,[106] nessa data ainda haviam forças terrestres norte-americanas, mas já não asseguravam a linha da frente toda ela guarnecida por unidades sul-vietnamitas.[107] A invasão foi esmagada e obrigada a retroceder com o empenhamento, das unidades aéreas da USAF, sob a denominação Freedom Train e posteriormente Linebacker II, as restrições impostas ao (não) bombardeamento da metade norte do Vietname foram levantadas, culminando num intenso bombardeamento de Hanoi e Haiphong com a duração de onze dias, no qual foi empenhadas toda a frota de B-52D, complementada por aproximadamente 60 aeronaves B-52G, totalizando mais 200 unidades a maior frota de bombardeiros alguma vez reunida, na era pós segunda guerra mundial para executar uma única missão. 15 B-52 foram perdidos, as tripulações mortas ou desaparecidas em combate o preço foi elevado, mas a magia e reputação dos mísseis de fabrico Soviético S-75 Dvina (SA-2 Guideline) caiu por terra com uma eficácia de apenas 3%.[108] Com as áreas industriais transformadas em paisagem lunar o Vietname do Norte aceitou sentar-se à mesa das negociações sem pré-condições a 23 de janeiro de 1973.[109]
A última missão de um bombardeiro B-52 aconteceu a 16 de agosto de 1973, pouco tempo após abandonaram definitivamente o Sudeste Asiático.[110]
- Vitórias ar-ar
[editar] Guerra do Golfo (1990/1991)
Oficialmente a Operação tempestade no deserto teve o seu início às primeiras horas do dia 17 de janeiro de 1991, mas para sete B-52G da 2.ª ala de bombardeiros baseados em Barksdale no Louisiana, começou no dia anterior quando iniciaram a longa rota até à Arábia Saudita, onde orbitando a 500 Km de Bagdade aguardaram pelo momento exacto, para lançarem (conjuntamente com outros vectores, navios e submarinos da US Navy) os 39 mísseis de cruzeiro AGM-86C, direccionados a alvos estratégicos como pontos e radares de defesa aérea, infraestruturas de comunicações e de electricidade, dando assim início às hostilidades.[113]
Os 74 B-52G [nota 16] que efectuaram missões de combate na Operação tempestade no deserto[114] foram atribuídos a quatro alas de bombardeiros com carácter temporário: a 1708ª BW (bomber wing/ala de bombardeiros) a operar em Jeddah na Arábia Saudita; a 4300ª BW a operar em Diego Garcia no oceano Índico; a 80l.º BW em Moron na Espanha; 806ª BW em Fairford no Reino Unido.[113] As aeronaves a operar a partir das bases de Diego Garcia e Moron nos primeiros dias de operações efectuaram ataques nocturnos usando o padrão de penetração de ataque nuclear,[115] ou seja a baixa (entre os 100 e 150 metros) e muito baixa altitude (abaixo dos 100 metros), devido a uma temporária falta de munições para grande altitude na base de Diego Garcia, e também a uma inesperada dificuldade em reprogramar os computadores de controlo de tiro nos aviões estacionados em Moron.[116] e também por decisão táctica aplicada aos aviões a operar a partir de Jeddah que a cada três horas lançavam até seis aeronaves, mantendo sobre bombardeamento cerrado e contínuo as unidades da Guarda Republicana Iraquiana, eliminando fisicamente, minando e enfraquecendo o moral das unidades mais bem preparadas ao dispor de Saddam Hussein.[115][117] Apesar dos esforços de supressão das defesas anti-aéreas Iraquianas, continuava a haver uma elevada densidade de tiro, proveniente de armas baixo calibre que incapazes de derrubar um avião com as dimensões do B-52 provocavam contudo alguns danos, obrigando os bombardeiros a operar acima dos 10 mil metros para os evitar, mas com o mesmo efeito prático e psicológico, pois a qualquer momento de dia ou de noite sem que se suspeitasse que na área estavam concentrados várias aeronaves, as bombas começam a cair, destruindo e provocando o pânico generalizado.[115]
Apesar do começo algo atribulado os B-52G realizaram ao longo da campanha, aproximadamente 1620 saídas das quais 846 efectuadas pela 1708ª BW a operar em Jeddah,[115] correspondentes a 3% do total das missões aéreas e 31% das armas/munições utilizadas contra as infraestruturas e unidades militares Iraquianas,[111] Não sofreram perdas em combate, a única deveu~se a acidente operacional, no entanto houve vários B-52G severamente danficados por SAM e artilharia anti-aérea de grosso calibre, que conseguiram alcançar as suas bases e depois de reparados voltar de novo ao activo. Houve inclusive um episódio que ficou famoso, por ter sido bastante comentado e alvo de várias versões; nos primeiros dias do conflito o B-52G número de cauda 58-0248, foi gravemente atingindo na cauda sem que o seu sistema de alerta e aviso antecipado de aproximação de mísseis tivesse localizado, avisado ou identificado qualquer ameaça ou varrimento por radar inimigo. De regresso à base em Jeddah sem a cauda, respectiva torre armada e os equipamentos de contra medidas electrónicas aí alojados e ainda dois metros e meio de fuselagem, no relatório o comandante da aeronave, atribuiu a causa ao impacto de artilharia anti-aérea de grosso calibre, até porque era a hipótese mais plausível. Entretanto a parte Iraquiana reclamava o abate do avião. No dia seguinte o 58-0248 foi grosseiramente reparado, o suficiente apenas para realizar o último voo, com destino à sucata junto à base aérea de Andersen na ilha de Guam. Mais tarde uma investigação ao ocorrido revelou que foi um míssil AGM-88 HARM, lançado por um F-4G Wild Weasel contra um radar de orientação de mísseis Iraquiano, que terminou abruptamente a sua emissão para não ser descoberto, deixando o míssil norte-americano sem alvo, como programado o sistema de localização do míssil entrou em modo de busca e localizou a emissão do radar de orientação de tiro da torre armada na traseira do B-52, originando a alcunha In HARM's Way (no caminho do HARM). [115] [118]
Tipo | Jeddah | Diego Garcia | Moron (ESP) | Fairford (GB) | Total | |
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M117 | 22.532 | 10,398 | 9,527 | 2,193 | 44,650 | |
Mk 82 | 8,261 | 6.225 | 2,632 | 560 | 17,678 | |
CBU-52 | 2,122 | 360 | 457 | -- | 2.939 | |
CBU-58 | 3,278 | 979 | 1,674 | -- | 5.931 | |
CBU-71/87/89 | 387 | 162 | -- | 255 | 804 | |
Outras | -- | 287 | -- | -- | 287 | |
Total | 36,580 | 18,411 | 14,290 | 3,008 | 72,289 | |
Legenda = M117 e MK-82 - bombas de queda livre uso geral / CBU - bombas de fragmentação |
[editar] Jugoslávia (1999)
[editar] Afeganistão e invasão do Iraque (2003)
Em 2001 e 2002 no Afeganistão, voltaram a mostrar a sua enorme valia ao realizarem ataques de precisão, com bombas orientadas por GPS e mantendo-se na área esperando por novas ordens. Os B-52H atribuídos ao teatro de guerra no Afeganistão, operavam a partir da base Britânica na ilha de Diego Garcia no oceano Índico.[123]
Durante a invasão do Iraque em 2003 na sua fase inicial em apoio das forças terrestres, providenciaram ataques de precisão a grande altitude, possibilitados pela inclusão do designador laser de origem Israelita e produzido pela Northrop Grumman, Litening II.[123]
[editar] Desativação

B-52 destruídos de modo a serem vistos por satélites Russos de acordo com o tratado de redução de armas START.
Os B-52C foram retirados do inventário e armazenados no AMARG em 1971, três meses após o planeado cinco anos antes, quando o secretário da defesa[nota 18] Robert McNamara decidiu cortar nos custos e subsequentemente nas aeronaves.[126] A mesma decisão afectou os modelos E abatidos ao inventário entre 1967 e Março de 1970 e a maioria das aeronaves da variante F, retirados entre 1967 e 1973 com excepção de 23 unidades utilizadas na função de treino e sobreviveram até finais de 1978. [127] Apear de também abrangidos pela decisão de cortes nas aeronaves, os B-52D alguns dos quais já com 10 mil horas de voo, o dobro do projectado, devido à extensa utilização no conflito Vietnamita que reclama um envolvimento crescente, são mantidos operacionais até Setembro de 1974, quando 45 unidades são desactivadas[128] seguidos de 37 unidades em 1977 e os restantes entre 1982 e meados de 1984.[129][130]
Após a queda da União Soviética e no âmbito do tratado de redução de armas START I negociado com a liderança Russa e assinado em 31 de Julho de 1991, todos os B-52G em estado operacional que conjuntamente com a variante H faziam parte da tríade de dissuasão nuclear Norte-americana, foram destruídos conjuntamente com todas as outras variantes anteriores armazenadas, até um total de 365 aeronaves (ver fotografia).[131]
[editar] Marcos importantes
- 25 de novembro de 1956 - (Operação Quick Kick)
- Quatro B-52B da 93.ª ala de bombardeiros e quatro B-52C da 42.ª ala de bombardeiros, completaram um voo ininterrupto ao longo do perímetro do continente Norte-americano, incluindo uma passagem pelo Pólo Norte, totalizando 25,750 Km[132] cobertos em 31 horas e 30 minutos, para o que foi necessário quatro reabastecimentos em voo efectuados pelo turbo-propulsionado Boeing KC-97 Stratotanker.[133] [nota 19]
- 16 de janeiro de 1957 - (Operação Power Flite)
- Numa demonstração da capacidade de alcance global, três B-52B da 93.ª ala de bombardeiros realizaram um voo à volta do mundo sem escalas, auxiliados por vários reabastecimentos em voo efectuados por aviões tanque Boeing KC-97 Stratotanker. A aeronave líder baptizada Lucky Lady III (acompanhada pelos outros dois B-52) percorreu 39,165 km em 45 horas e 19 minutos à velocidade média de 864,25 km/h, menos de metade do tempo necessário ao Boeing B-50 Superfortress Lucky Lady II para efectuar a primeira volta ao mundo sem escalas em Fevereiro de 1949, reabastecido então por vários KB-29M versão experimental do futuro KB-29P, avião tanque adaptado do bombardeiro Boeing B-29 Superfortress.[133][132]
- 26 de setembro de 1958
- Dois B-52D da 28.ª ala de bombardeiros, estabeleceram recordes do mundo (na sua categoria) de velocidade em percursos diferentes, o primeiro conseguiu a velocidade média de 902,367 Km/h, sem carga bélica em circuito fechado de 10,000 Km. O segundo também em circuito fechado mas, de 5,000 Km e sem carga bélica atingiu a marca de 961,864 Km/h de média.[134]
- 1 de agosto de 1959
- Um B-52G aterrou na base aérea de Edwards, após um voo contínuo de 28 horas, no qual sobrevoou todas as capitais estaduais na América do Norte, incluindo o Alaska e o District of Columbia (Washington, D.C.), totalizando 20,825 Km percorridos.[135]
- 7 de junho de 1962
- Um B-52H da 19.º Ala de bombardeiros, superou o anterior recorde de distância percorrida em circuito fechado, sem paragens e sem reabastecimento aéreo, pertença de outro B-52G desde 1960, ao percorrer a distância validada de 18,242 Km, com inicio e final na base aérea de Seymour Johnson na Carolina do Norte.[136]
- 16 de janeiro de 1991 - (operação Tempestade no deserto)
- Iniciando as operações aéreas da Guerra do Golfo (1990/1991), sete B-52G levantaram voo na Base aérea de Barksdale no Louisiana com destino ao Iraque, após bombardearem os alvos atribuídos, regressaram à base de partida nos Estados Unidos, efectuando um percurso superior a 22,500 Km correspondentes a mais de 35 horas consecutivas em voo, realizando a missão de combate mais duradoura de sempre.[132]